"O Mostrengo" - Fernando Pessoa, in "Mensagem". Por Tiago Lopes e Mãe (Caterina Paula)
DIA
MUNDIAL DA POESIA.
Trabalho elaborado por Tiago Lopes da turma 9D;
mãe-Caterina Paula.
O
Mostrengo – Fernando Pessoa
O mostrengo que está no fim do mar
Na
noite de breu ergueu-se a voar;
A
roda da nau voou três vezes,
Voou
três vezes a chiar,
E
disse: «Quem é que ousou entrar
Nas
minhas cavernas que não desvendo,
Meus
tetos negros do fim do mundo?»
E
o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei
D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De
quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse
o mostrengo, e rodou três vezes,
Três
vezes rodou imundo e grosso.
«Quem
vem poder o que só eu posso,
Que
moro onde nunca ninguém me visse
E
escorro os medos do mar sem fundo?»
E
o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei
D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três
vezes ao leme as reprendeu,
E
disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui
ao leme sou mais do que eu:
Sou
um povo que quer o mar que é teu;
E
mais que o mostrengo, que me a alma teme
E
roda nas trevas do fim do mundo,
Manda
a vontade, que me ata ao leme,
De
El-Rei D. João Segundo!»
Para mim o que representa a poesia é a liberdade de expressar os teus sentimentos em um texto.
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